Editorial

Abin paralela

Gera nojo toda notícia que surge sobre o aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e seu suposto - e cada vez mais provável - aparelhamento pelo governo anterior. Ontem, a Polícia Federal (PF) fez buscas na casa do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, e teria encontrado um computador da Abin em sua posse. A questão acontece poucos dias após a operação, também da PF, contra o ex-diretor da Agência, Fernando Ramagem, que teria liderado uma atuação que vai da espionagem de figuras públicas até captação e desvio de documentos sigilosos.

A questão traz luz a um ponto nevrálgico que vem enfraquecendo nossas instituições: o aparelhamento político. Afinal, ao colocar só "pessoas de confiança" nas pastas essenciais, passa-se a agir em favor dos governos, das figuras que ocupam o cargo do Executivo, e não dos interesses nacionais, estaduais ou municipais, seja qual for. Hoje, cada vez mais, pensa-se só em projeto de governo, de manutenção de poder e de enfrentar a oposição.

Um exemplo prático disso é que ontem, diante dos absurdos noticiados envolvendo a questão da Abin, o novo governo federal prestou-se a fazer piada com o fato de a PF ter "batido na porta" de gente do antigo governo. Ora, dentro dos preceitos republicanos básicos, uma gestão não pode-se prestar ao papel de fazer piada, muito menos de usar a comunicação institucional, que deveria para aproximar o cidadão dos serviços prestados pelo poder público, para fazer brincadeirinhas. Não cai bem para ninguém e só serve para fortalecer um ranço já existente em um País tão polarizado.

A brapelização da política, onde se torce e se faz de tudo pela vitória só enfraquece o País. Os que hoje bradam, ontem fechavam os olhos. E vice-versa. Enquanto isso, o Brasil pouco debate avanços, enquanto a polarização é a mãe de todos os problemas de relacionamento que vão se entranhando pela nossa sociedade e enfraquecendo as relações humanas e sociais.

A atitude patriótica, democrática, republicana, diante de situações como essas são expressar indignação, cobrar punição de criminosos ou responsáveis por crimes e fortalecer o combate à corrupção e ao aparelhamento institucional dos órgãos públicos. Só assim o Brasil cresce e evolui.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Perigoso Dragão Vermelho

Próximo

A realidade é um dos casos da possibilidade...

Deixe seu comentário